terça-feira, 18 de setembro de 2018

E as nuvens partem...

Amanheceu.

Tenho a promessa de um  novo dia. Um dia em que o sol pode voltar a brilhar.
Mas não sei.
Nuvens ainda perduram no céu. Às vezes elas ameaçam se afastarem ao permitirem que pequenos reflexos do sol as atravessem e me toquem. Mas, logo elas retornam.
A manhã foi assim: ameaças de luz, esperança de calor. Incertezas...

Entardeceu.

As nuvens decidiram: foram embora. E o sol? Ah ele estava lá. Lindo, quente, me alegrando profundamente. É! Minha esperança se concretizou quando meu dia ensolarado finalmente chegou.
Felicidade serena.

Amanheceu.

Tenho um encontro marcado com o desejo. Esperança de que minha alma novamente poderá sentir o calor do sol, voltar a ouvir a música desejada.
Mas... Não sei.
Nuvens ainda perduram...
...vão e voltam.
A manhã foi assim. Receios. Incertezas. Esperança aflita.
Ser ou não ser?
Pegar ou largar?
Viver ou morrer?
Lutar ou abrir mão?
Eis a questão!

Entardeceu.

As nuvens decidiram: foram embora. O toque estável do sol me faz escolher.
Vou ser.
Vou pegar.
Vou viver.
Vou lutar.
Se eu serei, não sei. Se eu conseguirei segurar, não sei. Se eu viverei eternamente, não sei. Se eu vencerei, eu também não sei.
“Só sei que nada sei.”
Mas sei que quero tentar, mesmo que eu não conquiste. Se eu conquistar, desmedido e insano será o prazer. Se não, ao menos não sentirei o peso, nem ouvirei a voz do arrependimento me dizendo:
-Você deveria ter tentado. Por que não teve coragem? Talvez tivesse conseguido. Quem sabe? Você perdeu. Perdeu o quê, se nem ganhou? Se nem lutou? Não mereceu. Ficou parada esperando que a vida lhe trouxesse. Mas você que deveria tê-la feito acontecer.
Eu não quero sentir esse peso. Não quero ouvir essa voz. Pois é melhor sentir a dor da perda de uma luta do que a dor por não ter tentado, a dor do arrependimento. Quero poder dizer, ganhando ou perdendo, que tive coragem para correr atrás, para lutar por ele...
...meu desejo.
Bem. A tarde está findando. Já que eu tinha voltado às velhas roupas, preciso me trocar. Vestir a roupa da diferença, passar o perfume da serenidade e calçar os sapatos da coragem.
Está chegando a hora de encontrar com meu desejo e eu não quero chegar atrasada para não perdê-lo.
Amanhã retornarei para dizer se o sol permaneceu ou se voltaram as nuvens.


                                                 Haliny

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