Nesse começo de 2020 realmente
estou desanimada. Não está sendo muito diferente do que fora o começo de 2019,
quando eu escrevia “A garota de dez anos atrás”. Interessante, hoje enquanto
escrevo o que me vem à cabeça nesse quatorze de janeiro de dois mil e vinte, me
pareço mais com a garota de dez anos atrás. Desanimada, sem perspectiva de
mudanças, reclamando da atual situação. Sim; no começo do ano anterior, eu me
via um pouco frustrada com a vida profissional que eu teria. Mas ainda que não
fosse para lecionar, eu tinha um emprego garantido. Hoje, posso me considerar
sem emprego, após uma maratona de concursos sem resultados positivos, sonhos
frustrados. Olhando assim, parece que 2019 me levou à derrocada e, infelizmente,
é assim que me encontro: na vibe do
derrotismo.
Mas ao abrir o Facebook para
procurar uma foto, senti-me entrando no túnel do meu tempo. Vi algo bastante
singular. É interessante que há poucos dias, conversando com um amigo, eu dizia
a ele que precisava de uma foto minha triste para associar a um texto na página
do Instagram, pois eu só tinha foto sorrindo. Então, olhando minhas fotos
publicadas no Facebook, eu disse a mim mesma:
– Caramba! Quantos momentos
surpreendentes eu vivi em 2019!!!!
Sim, fotos e sorrisos, muitos
sorrisos. Muita coisa boa aconteceu. Vi pessoas partindo, mas outras chegando.
Vi um coração dolorido, lutando para ser reconstruído. Vi muita beleza brotando
do caos.
Foi um ano abençoado certamente.
No trabalho tive alunos mais que especiais, que me ensinaram muito. Acho que um
professor só se torna um real professor, quando ele permite que seus alunos o
ensinem também; não me refiro ao conteúdo científico, mas à prática da empatia
e do acolhimento. Alunos são constantes desafios que podem nos provocar a nos
tornarmos uma versão mais forte de nós mesmos. Além disso, em 2019 tive sim a
oportunidade de lecionar, algo que eu não esperava, mas 2019 fez acontecer. A
experiência fez-me sentir mais realizada, mais forte.
Foi um ano que me proporcionou
ter uma irmã, ainda que por um curto período. Sou filha única, mas fiz uma irmã
do coração. Uma prima que passou um tempo conosco. Não tínhamos muita
intimidade antes, mas descobrimos o quanto somos parecidas no gênio e nos
ideais. Tinha dia que mal nos falávamos, mas noutros, passávamos horas
compartilhando nossas histórias e sonhos. Ela sempre tinha um chocolate pra me
animar quando eu ficava dowm. Ela
partiu da casa, mas estará sempre na minha alma. Uma garota doce, com toque de
ardência. Ela é literalmente chocolate com pimenta!
O momento que mais me marcou foi
quando eu tive, olha que interessante, “A garota de dez anos atrás” publicado
numa coletânea. Foi uma vivência maravilhosa, que me proporcionou conhecer
pessoas que se tornaram amigos especiais. E com a repercussão dessa
participação, fui convidada a fazer uma apresentação com meus textos em um Chá
Literário na escola técnica da minha cidade. Que momento! Ali eu vi o quanto eu
tinha crescido como mulher. Dividi o palco com um professor da minha
adolescência. Nunca vou esquecer o que ele disse quando foi se apresentar.
Ficou surpreso de me ver falando e disse assim:
- Quem viu a Haliny a alguns anos
atrás – uma menina tímida que nem falava.... Hoje está aí: essa mulher linda e
sem vergonha.
Chega a ser engraçado. Ele é
mesmo do tipo de pessoa que nos faz sorrir. Sempre teve carinho por seus
alunos. Grande pessoa!
Foi isso: um ano cheio de
surpresas que de mim fizeram brotar sorrisos. Foi um ano que fiz história, que
escrevi histórias e as eternizei. Escrevi bastante. Um ipê amarelo foi
inspirador, das suas flores eu extraí essências de vida. Foram crônicas,
frases, poesias... sentimentos materializados em palavras. Foi principalmente a
escrita que me trouxe os mais singelos sorrisos.
Acho que 2019 extraiu minha
essência, fez com que eu florescesse as melhores flores, expusesse sorrisos
mais verdadeiros. Aqueles que vêm de dentro, vêm da alma. Aqueles que se abrem
para a vida entrar. Não é à toa que foi o ano que “TRINTEI”! Trinta anos num
ano repleto de significados – encaixe perfeito; trinta anos na melhor versão de
mim, mais amadurecida, mais gostosa, mais mulher.
Claro que nem todos os momentos
foram floridos. Que ano turbulento também! Passei por mudanças o tempo todo.
Mudanças essas que me levaram a aprender a criar no caos. Criar e sorrir.
Contudo, não é fácil sorrir quando os sonhos se distanciam e a esperança parece
esmaecer. Mas se sorrimos, foi porque houve vida, pois sorrisos não nascem de
almas mortas.
Haliny
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